O comportamento autolesivo tem sido cada vez mais frequente em jovens a partir dos 12 anos de idade, fase do desenvolvimento em que estão passando por muitas mudanças significativas. Autolesão, cutting, autoagressão, são alguns termos utilizados para se referir ao comportamento de machucar o próprio corpo intencionalmente, sem intenção consciente de suicídio. As formas mais presentes desse comportamento são cortes na própria pele. Geralmente em partes do corpo como perna, braços e abdômen, queimaduras utilizando de múltiplos artifícios.
O que é automutilação?
O termo automutilação não é a forma mais assertiva para se referir a esse comportamento, uma vez que ele se refere literalmente a cortar partes do corpo.
Existem muitas problematizações a respeito do comportamento autolesivo. Um deles é o fato de ser observado isoladamente, o que compromete a compreensão de todo campo que está envolvido.
Comprovadamente praticado na sua maioria por jovens, é um preditor de algum evento estressor, alerta de que a pessoa está precisando de ajuda, mas não está conseguindo comunicar utilizando outros recursos.
A adolescência geralmente já é problematizada e estereotipada. A grande questão é que somos seres singulares, apesar de todas as mudanças nítidas que esse período carrega, não devemos focar a atenção somente no momento do desenvolvimento, muitos menos só no comportamento realizado.
É necessário acolhimento e abertura, a pessoa está naquele estado, mas ela não é somente aquilo. É através da validação dos seus sentimentos e na relação com o outro que a pessoa inicia o processo de autoconhecimento.
O jovem que se autolesiona, está dentro de um ciclo, assim como todos nós. Mas, nesse caso não é saudável.
Ele faz isso para se livrar, mesmo que momentaneamente, de algum sentimento indesejável, que causa tamanho desconforto, tornando os machucados feitos uma forma de fuga.
Para o ciclo fluir de forma saudável é necessário haver equilíbrio, que só é encontrando quando a pessoa consegue sair de uma posição fixa, onde não encontra outra saída.
Como ajudar uma pessoa que se lesiona?
O primeiro passo é identificar o comportamento, depois buscar conhecer todo o contexto em que a pessoa está envolvida, demonstrar interesse genuíno na vida dela, estar atento e disponível para acolher os sentimentos.
Auxiliar na busca por novas estratégias de como estar no mundo e valorizar a sua existência, menos julgamentos.
A ajuda profissional não pode ser desprezada e pode acontecer de forma multidisciplinar entre psicólogo e psiquiatra com o objetivo de auxiliar na conscientização de si.
Não é uma busca pela cura, mas por uma forma mais saudável de se relacionar consigo e com o mundo.
Importante: Não feche a porta para sua dor, ela pode estar tentando te avisar algo
Autor Evenyn Uchôa Lopes – Psicóloga de crianças e adolescentes. Especialista em desenvolvimento infantil e autolesão na adolescência.